Lucas 19. 1- 10
A Palavra de Deus diz que Deus
criou os loucos para confundir os
sábios, e as coisas que não são para confundir as que são (1 Coríntios
1.27-29).
Nós temos o hábito de tirar conclusões sobre as pessoas a
partir daquilo que vemos nelas, e de acordo com a nossa convivência com
elas vamos criando uma ideia mais clara de quem são as pessoas que nos
cercam.
Nunca poderemos conhecer alguém inteiramente, e isto por
que não conhecemos nem a nós mesmos de forma completa, sendo assim, é
impossível desnudar o nosso ser a quem quer que seja; exceto a Deus.
Sempre iremos nos surpreender (Salmos 139).
Quando Davi estava
diante de Samuel, este último só viu um garoto ruivo, magricela,
simpático, mas com nenhuma característica daquelas que se encontra num
outro rei.
Talvez o rei que Samuel procurava, estivesse ali, entre
os irmãos de Davi, mas o rei que Deus queria pôr sobre Israel estava
fazendo poesias no campo, enquanto cuidava fielmente das ovelhas de seu
pai.
Quando lemos o Novo Testamento, encontramos duas histórias
completamente diferentes; Um jovem cumpridor da lei, e de muitas
qualidades, e um baixinho, cobrador de impostos sem valor algum para o
povo de Deus.
O primeiro se aproxima de Jesus elogiando-o, "bom
Mestre..." o que por Jesus é logo reprovado. Depois ele revela o seu
interesse em desfrutar de vida eterna, mas logo percebe que está muito
apegado a esta vida para trocá-la por outra qualquer. Este jovem revelou
suas prioridades quando Jesus mandou que vendesse tudo o que tinha e
desse aos pobres. Poderemos falar mais deste rapaz, numa outra
oportunidade.
Pouco tempo depois, a Palavra cita outro homem, Zaqueu, o publicano.
Zaqueu
não tinha muito do que se gabar, e não ousou sequer tentar romper a
multidão onde Cristo estava, pois sabia que não teria chance com a sua
pequena estatura.
A partir daí, começo a extrair algumas lições
muito importantes, pois Zaqueu superou as dificuldades e não teve
vergonha de fazer o que ninguém fazia. Ele não se vitimizou, não culpou a
Deus pela sua dificuldade, mas se concentrou em encontrar uma solução
para estar com Jesus.
Zaqueu poderia muito bem desistir de
encontrar-se com Cristo, afinal, tudo conspirava contra ele, mas a
Bíblia diz que ele subiu numa figueira brava, e esta, possui espinhos em
seu tronco. Diferente deste homem de fé, vemos muitas pessoas que
deixam de ir à casa de Deus por causa dos espinhos que envolvem a
caminhada rumo ao Senhor. Não se importe se no lugar onde Deus te
direcionou a estar, as pessoas não te valorizam, ou façam comentários
chatos sobre você. Estas mesmas pessoas vão ter que ver Jesus entrando
na sua vida, curando a sua família, e fazendo milagres através de você,
em nome de Jesus.
Zaqueu sendo um homem de posição, não se
envergonhou de subir numa árvore como um garoto. Subiu e ficou
aguardando a passada do Mestre. Se quisermos nos encontrar com Cristo,
precisamos deixar de lado a vergonha e a timidez.
Alguém disse certa vez: "se quiser ser diferente da maioria, faça o que a maioria não faz".
Por
que, dentre uma multidão, só Zaqueu foi chamado pelo nome e recebeu a
visita do Senhor? Por que, dentre uma enorme multidão que apertava a
Jesus, apenas uma mulher conseguiu "extrair" virtude do Mestre?
Zaqueu
não se envergonhou de deixar sua posição e subir na árvore para ver
Jesus, e Jesus não se envergonhou de entrar na casa de Zaqueu, mesmo
sendo criticado pelos fariseus.
Quando nos esforçamos para ver a
Jesus, não nos envergonhamos de deixar tudo para trás, e quando
renegamos o nosso ego pra estar com Ele, ele não apenas visita nossa
casa, mas faz morada eterna em nosso coração.
Às vezes é preciso
deixar de lado a pastinha de doutor, o diploma da faculdade, os títulos
que outros dão a você, para poder se encontrar verdadeiramente com
Jesus.
O jovem rico, embora cumprisse os mandamentos, e fosse perfeito aos olhos dos homens, não tinha um coração entregue a Deus.
Zaqueu, embora tido como pecador tinha no seu íntimo a vontade de ser transformado pelo poder de Deus.
Não
esqueçamos a parábola do fariseu o do publicano, onde um "jogava na
cara" as coisas que fazia para Deus, e o publicano apenas batia em seu
peito, achando que não era merecedor de Deus. O publicano saiu exaltado e
o fariseu humilhado, por que o Senhor não dá méritos a ninguém. Numa
época onde se prega o triunfalismo, devemos ensinar que, se queremos
mesmo estar com Jesus, o caminho certo é a humilhação (1 Pedro 5.6).
"...pois este também é filho de Abraão
Lucas 19. 7 -10
"E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.
E,
levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos
pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado
alguém, o restituo quadruplicado.
E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido."
Gal 3. 6,7 e 26
Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.
Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.
Zaqueu
era discriminado pela sua profissão. Zaqueu prestava serviço à Roma
como chefe dos cobradores de impostos que eram considerados ladrões, e
se fossem judeus, eram considerados traidores. Zaqueu era rico. Agora o
ponto mais marcante na vida deste homem: Zaqueu era necessitado da
salvação.
Ao observar a mesa, os judeus não entenderam, mas estava
ali uma representação clara do Reino de Deus; O publicano sentado num
lugar de honra, ao lado de Jesus, enquanto um jovem cumpridor da lei,
aparentemente perfeito a essas horas já estava em sua casa, pois mesmo
tendo falado com o Mestre e ouvido o seu sábio conselho, mostrou que a
sua prioridade não era estar com Cristo, mas desfrutar das riquezas que
possuía. Este jovem estava dividido entre Deus e Mamom, entre Jesus, o
Cristo, e o dinheiro, mas Zaqueu não...
"E, levantando-se Zaqueu,
disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens;
e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado."
( Lc 19.8)"
É claro que Jesus não queria o dinheiro de nenhum dos
dois personagens, mas sabia que o jovem tinha seu coração nas riquezas,
e isso impediria a sua salvação, embora toda a sua conduta fosse
perfeita, e sabia que Zaqueu já tinha seu coração em Cristo, e isto não o
impedia de ser rico.
Quem quer se entregar a Jesus, tem que entregar tudo.
O que faz de um homem, um filho de Abraão? Cumprir a lei ou ter a esperança em Cristo?
Os fariseus diziam ser filhos de Abraão, mas João disse a eles que Deus podia levantar até das pedras filhos a Abraão.
O
jovem de qualidades cumpria a lei, portanto, não roubava, não matava,
não desrespeitava os seus pais, enfim, ele não pecava mas também não
fazia mais nada.
Zaqueu pecava, porém subiu numa figueira para ver
o mestre sem se importar com o que pensariam dele. Zaqueu não teve
vergonha de ir até Jesus, e Jesus não teve vergonha de ir até Zaqueu.
Aprendo
então, que crer é melhor do que aparecer, e ser é melhor do que
parecer. Enquanto estivermos como fariseus, limpando o exterior do copo
até ficar impecável, sem se preocupar com o seu interior, nunca teremos a
aceitação que teve aquele publicano que batia no seu peito e chorava
reconhecendo os seus pecados, e que não era digno de nada.
(Autor Luis Paulo Silva.)